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Mostrando postagens de abril, 2015

Eu me chamo Antônio

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Antônio é o personagem de um romance que está sendo escrito e vivido. A mente por trás de Antônio é Pedro Gabriel. Tudo começou em outubro de 2012, quando ele fez a página Eu me chamo Antônio , no Facebook, a fim de divulgar sua poesia feita nos guardanapos do Café Lamas, um tradicional bar do Rio de Janeiro. Os versos em guardanapos se proliferaram de forma abrupta e nunca antes imaginada, segundo o autor. Escrevendo poemas e minitextos, conquistou até hoje cerca de 913.000 seguidores. Pedro Gabriel, que tem 29 anos e é redator publicitário, conta que numa noite de outubro parou no Café e, aleatoriamente, rabiscou num dos guardanapos: “Primeiro, encanto. Depois, desencanto. Por fim, cada um pro seu canto.” Ao fim, fotografou sua obra com a câmera do celular e postou na rede social, o que repercutiu mais que o imaginado. Pedro recebeu cantadas, pedidos de casamento e até propostas de transformar os seus versos em música. Em 2013, lançou seu primeiro livro, Eu me chamo Antônio , com 90%

Cinquenta tons de cinza

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Cinquenta tons de cinza  ( Fifty Shades of Grey , no original) é um romance inglês, escrito por Erika Leonard James e publicado em 2011. A obra é considerada um bestseller e já vendeu mais de dez milhões de cópias nas seis primeiras semanas após o lançamento, disputando com grandes sucessos de público como Harry Potter e O código da Vinci . O livro explora como tema as aventuras sexuais de Anastasia Steele, estudante de 21 anos e virgem. Após realizar uma entrevista para a faculdade com o grande empresário Christian Grey, vê-se envolvida em um relacionamento avassalador, baseado em relações de poder, machismo e requintes de fantasia ao estilo Sabrina [1] . A problematização a ser proposta neste texto é: Qual o motivo de tamanho sucesso, particularmente no Brasil, de uma obra rasa, composta de acontecimentos muitas vezes deturpados do ponto de vista das lutas para a equiparação de direitos entre gêneros? No desenrolar da trama, descobre-se que Grey é adepto de práticas do sadomasoqui

Até o dia em que o cão morreu

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"(...) É tudo a mesma coisa. Isolado ou mergulhado numa multidão, no trânsito, no trabalho, a solidão é sempre a mesma, com exceção daquelas poucas, raras pessoas em cuja presença a solidão some, mesmo que não seja o tempo todo." (Marcela, p. 98) Até o dia em que o cão morreu: aflição, ansiedade, dias, rotina, cidade, prédios, decisões e o tempo. A vida escorre pelas mãos e a rotina vai consumindo nossos poros, somos jovens, somos esse tempo jovem, esse desejo, esse caos, essa veia que pulsa, essa vida que pesa, essa pressa. O romance Até o dia que o cão morreu representa essa voz e cada página se desmancha orgânica e representa esse corpo jogado em um tempo desconhecido, em um novo refratado por milhões de informações e obrigações que atravessam os nossos desejos. Este livro, escrito em 2003, por Daniel Galera, publicado pela Livros do mal, sem dúvidas é uma obra que marca a trajetória da contemporaneidade: um sentimento de dúvida, angústia e uma rotina para arrastar (ou qu

Little Children

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O romance Little Children [1] (2005), do autor estadunidense Tom Perrotta, acompanha a vida suburbana de alguns integrantes de uma cidade fictícia. Semelhante a outras narrativas do final do século XX e início dos anos 2000, como American Beauty (1999), Perrotta procura deixar à mostra as rachaduras do american lifestyle , apresentando personagens entediados, tradicionalistas e impulsivos que, como o título do romance indica, comportam-se como crianças/adolescentes. Em um ambiente suburbano e em pleno verão, os personagens de Little Children são caracterizados como pais e mães de pequenas crianças que não estão em uma situação de emprego formal, já que se dedicam aos cuidados da casa e dos filhos e que muitas vezes se sentem insatisfeitos e entediados. Esses donos e donas de casa encontram-se nos parques e na piscina pública da cidade: ambientes relacionados, principalmente, ao mundo infanto-juvenil. Em um dos parques da cidade, Sarah e Todd, ambos insatisfeitos com o momento de sua

Minha cabeça já não comporta tantos antigamentes

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Minha cabeça já não comporta tantos antigamentes , publicado em 2014, é o segundo livro da jovem universitária do curso de Letras da UFBA, Ludmila Rodrigues. Com ar de poesia confessional, o livro é composto por lindíssimos poemas que falam dos mais variados sentimentos, sensações e momentos de vida que habitam o nosso passado mais íntimo e são retratados pela autora a cada verso, à sua maneira e experiência. São poemas que falam de amores, angústias, saudades, tristezas, não nos deixando com o coração pesado, mas com uma sensação leve e nostálgica, além de olhar fixo e brando a cada leitura. Ao ler um poema, queremos sempre ler o próximo, percebendo que todos, de alguma maneira, nos representam enquanto ser que sofre, que é saudoso, que sonha, que sorri e que tem medos. Minha cabeça já não comporta tantos antigamentes não é um livro extenso, mas é intenso. E, quando chegamos ao último poema, aí sim, neste momento o coração pesa, pois se chegou ao fim do livro. Entretanto, juntamente

O útero de Angélica Freitas

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Angélica Freitas, em seu Um útero é do tamanho de um punho , publicado em 2013 pela editora Cosacnaify, aborda, com bastante precisão e crueza, questões fundamentais em nossa sociedade atual, tendo como base a posição da mulher contemporânea – posição em que ela se vê, posição em que é vista. Dividida em sete partes, a obra traz em seus poemas críticas mordazes a comportamentos ainda vigentes – mas não por isso aceitáveis. Muitos são os aspectos potencialmente discutíveis no livro, sejam eles referentes ao conteúdo, sejam referentes à estrutura textual. Me atenho, no entanto, à questão geral e mais perceptível: a crítica ao machismo e comportamentos por ele gerados. Ainda assim, de maneira rasa e breve, tendo em vista a proposta de nosso texto. Já no primeiro poema, que abre a seção Uma mulher limpa , Angélica apresenta o estereótipo imposto à mulher, que engloba características como delicadeza, higienização e doçura: “[...] há milhões e milhões de anos/pôs-se sobre duas patas/a mulher

O contemporâneo em "Minha mãe morrendo", de Valêncio Xavier

A literatura possui diversos momentos de produção, distintos entre si, que determinam o tipo de texto literário que está sendo produzido em determinada época. Segundo a periodização convencionalmente utilizada, através de uma série de semelhanças entre os textos – semelhanças como a utilização de uma determinada variante da língua, ou até o uso de um número mais ou menos preestabelecido de assuntos tratáveis – se estabelecem os critérios que o definem como pertencente a este ou àquele momento literário. Na literatura contemporânea, boa parte destes critérios diz respeito a posicionamentos como o questionamento a um ideal preestabelecido – seja ele social ou literário –, a utilização de temas tomados, até o momento, como moralmente intratáveis, a união entre diferentes linguagens artísticas para a produção de um determinado objeto artístico, dentre outros, geralmente ligados à tentativa de atualização e aprimoramento das possibilidades de criação dentro da literatura. Todas estas caract

Templo das Sombras

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É comum entre as bandas de heavy metal a produção de CDs conceituais, discos que falam sobre um só tema ou que narram alguma história. Em 2005, a banda de heavy metal paulistana Angra lançou o  Temple of Shadows , quinto álbum de estúdio, que narra a história de The  Shadow Hunter (o Caçador de Sombra), um cavaleiro que se junta ao exército convocado pelo Papa para participar da primeira cruzada (1096-1099) e, segundo a profecia de um rabino, seria convocado por Deus para espalhar seu fogo. Ao longo de sua jornada, o cavaleiro vivencia vários conflitos que o fazem refletir sobre a Guerra Santa da qual participa e os ideais da igreja católica, colocando sua devoção à prova. Quando aceita seu destino, o cavaleiro parte em uma peregrinação para difundir uma nova crença que prega apenas palavras de amor e paz, contradizendo vários ensinamentos da igreja, que o define como herege. Para se descobrir o que acontece depois é preciso escutar o disco e ler o seu encarte, que é apresentado em f