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Mostrando postagens de fevereiro, 2016

Entrevista com a professora Lívia Natália

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  Por Isadora Matos Procurar entender como nos definimos sempre foi uma preocupação de estudiosos de diferentes áreas em diferentes momentos da história. Na contemporaneidade, segundo Stuart Hall, o sujeito é visto através do olhar da multiplicidade, constituído por múltiplas identidades que se organizam por um viés histórico e não biológico e que estão suscetíveis à mudança. A concepção de um sujeito racional, unificado e contínuo torna-se insustentável, pois o momento histórico da contemporaneidade já não possui relações sociais e institucionais estáveis que garantem a conformidade do sujeito. O que parecia ser intrínseco e imutável, hoje se configura no terreno da contingência. Sendo assim, as lógicas simplistas e contínuas para entender identidades nacionais, de gênero, de raça, de sexualidade etc. são cada vez mais questionadas. Como faz Judith Butler em Problemas de gênero , ao discutir a relação entre gênero, sexo e desejo sexual e sua aparente continuidade. Esses teóricos abrem

Identidade e Linguística Aplicada

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Por Cristovão Mascarenhas e Ana Paula Oliveira   As questões relacionadas ao conceito de identidade tem ganhado muita atenção na contemporaneidade. A sociedade, influenciada pela difusão das informações a nível local e global, faz com que o sujeito assuma posicionamentos diferentes, provisórios e móveis, uma vez que, o cruzamento de fronteiras culturais viabilizam tal movimento. Surge, portanto, uma nova configuração dos sujeitos e de suas identidades diante de um espaço social que não possui mais a mesma “centralidade”, mas pelo contrário, é híbrido e complexo. Esse texto propõe, ainda que brevemente, observar a relação que existe entre identidade e linguagem. Procuraremos discutir como a linguagem influencia na (re)construção da identidade desse sujeito, para isso, nos apoiaremos à concepção de Linguística Aplicada, buscando entender de que modo essa ciência tem contribuído para a formação do sujeito no âmbito do ensino. Já sabemos que a fragmentação e a transitoriedade são caracterí

Gênero: identidade ou mecanismo de opressão?

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Por Ludmila Rodrigues Diante da proposta deste texto de relacionar gênero e identidade, ou melhor, tratar do gênero enquanto identidade, o que eu vou fazer aqui, como mulher feminista que partilha da visão materialista de gênero, é uma comparação entre duas visões de gênero distintas, a fim de esclarecer suas semelhanças e diferenças, não sem, é claro, me posicionar diante do debate que essas duas definições contrárias geram. A primeira definição, defendida pela política queer , trata o gênero como uma posição do indivíduo dentro de um espectro cujas duas pontas seriam, respectivamente, os gêneros masculino e feminino. Nela, cada pessoa possui uma identidade de gênero caracterizada pela posição ocupada dentro do espectro em questão, de maneira que sexo e gênero não estão necessariamente ligados. Para isso, determinados indicadores são escolhidos e usados na relação entre esse indivíduo e a sociedade,  sendo tais indicadores peças-chave na definição da maneira como um sujeito é percebid

Identidade nacional na pós-modernidade: um “se” reflexivo

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Por Filipe Castro Talvez uma das sensações de maior naturalidade para o indivíduo moderno seja a de pertencimento a algum lugar, mais precisamente, a algum país, a alguma nação. Não é só saber que se pertence a uma dessas instituições por questões óbvias ou jurídicas, como o fato de saber onde nasceu ou obter a nacionalidade de algum país que não é o seu de origem; é mais que isso. É perceber que, fazendo parte dessa ou daquela nação, faz-se parte também da sua lógica de funcionamento, de seus ritos, de suas formas de compreender o mundo, a vida, a humanidade, a ponto de isso gerar no indivíduo um dos traços mais "naturais" de sua identidade, tanto que, na maioria, se não em todas as línguas, a forma que se encontra pra falar a respeito desse sentimento é através do verbo "ser": eu sou desse ou daquele lugar. A era moderna lidou com esse sentimento com bastante tranquilidade: o indivíduo nascia em um lugar e "era" de lá, pertencia a esse lugar, tanto que é