Postagens

Mostrando postagens de abril, 2019

Entre desencontros, o afeto.

Alanne Maria[1] bell hooks, em seu livro All about Love, traz uma constatação, no mínimo, inquietante: nós não sabemos amar. Referências escassas de amor verdadeiro, orientações para esconder os afetos e desejo por poder nas relações criaram, sobretudo para os homens pretos, a impossibilidade de amar nas suas nuances mais cruas, cotidianas, verdadeiras. Segundo a autora, provavelmente morreremos sem ter vivido uma experiência digna do amar. Em todas as relações possíveis, sejam elas de amizade, trabalho, familiares e românticas. No entanto, a impossibilidade de amar e viver o amor está diretamente relacionada com uma estrutura racista, patriarcal e classista. Tanto que para amar e conhecer o “amar perfeito” é preciso renunciar o desejo de poder, mas como se esquivar do seu uso quando uma sociedade funciona através dele? Como se render ao amor quando não possuímos exemplos de relações pautadas. O Programa de Educação Tutorial (PET) funciona através da tutoria. Segundo o Manual

Ari: um caracol Funfun

Cely Pereira [1] Gleisson Santos [2] Ari atravessa nossos caminhos, provocando movimentações nas estruturas presentes em nossos corpos. Ari desenvolve pedagogias e metodologias de vivências, companheirismos e aprendizados como forma de resistência. Ari é um amor materializado em corpo e coração. O verbo “ser” não consegue dar conta das milhares versões de si que este homem constrói e reinventa diariamente. Ari Sacramento é Professor Doutor do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (ILUFBA) e nos ensina não só a História das Letras e das Línguas, como também, e principalmente, a Literatura de se viver junto.          Ari foi tutor do Programa de Educação Tutorial do curso de Letras da UFBA (PET Letras UFBA) entre os anos de 2015 a 2018. Nesse período, o grupo passou por diversas modificações, muitas pessoas chegaram e outras partiram e, com isso, muitos desafios e intercorrências foram aparecendo. Dentro da educação tutorial, Ari, partindo de um comprometimen

Ari Sacramento: um intelectual-Sankofa

Lívia Natália[1] Um caracol, sobre-si dobrado, que olha pra trás e pra frente. Aquele contemporâneo de costas quebradas a reinventar no Tempo, saberes e saberes no Tempo. Há mesmo corpos que não contam, há corpos que se contam no breu das desimportâncias, e o rotundo corpo do Prof. Dr. Ari Sacramento não contaria, não fosse a sua envergadura filosófica que se pensa e que nos faz pensar não sobre ele, mas sobre corpos que, no dele, gritam pelos alvacentos corredores da Universidade. Como intelectual negro, Ari Sacramento sabe da produção de lugares de exclusão, marginalidade e violência simbólica e material que tentam, cotidianamente, marcar seu corpo e alquebrar seu espírito, e usa do seu lugar de fala como curva epistemológica, como eixo de ruptura, enegrescendo o seu campo de saber. Entre os anos de 2005 e 2014, Ari Sacramento constrói o percurso que o leva de um brilhante pesquisador e recém-graduado na área de Filologia no Instituto de Letras da Universidade Federal da Ba