Minha cabeça já não comporta tantos antigamentes
Minha cabeça já não comporta tantos antigamentes, publicado em 2014, é o segundo livro da jovem universitária do curso de Letras da UFBA, Ludmila Rodrigues. Com ar de poesia confessional, o livro é composto por lindíssimos poemas que falam dos mais variados sentimentos, sensações e momentos de vida que habitam o nosso passado mais íntimo e são retratados pela autora a cada verso, à sua maneira e experiência.
São poemas que falam de amores, angústias, saudades, tristezas, não nos deixando com o coração pesado, mas com uma sensação leve e nostálgica, além de olhar fixo e brando a cada leitura. Ao ler um poema, queremos sempre ler o próximo, percebendo que todos, de alguma maneira, nos representam enquanto ser que sofre, que é saudoso, que sonha, que sorri e que tem medos.
Minha cabeça já não comporta tantos antigamentes não é um livro extenso, mas é intenso. E, quando chegamos ao último poema, aí sim, neste momento o coração pesa, pois se chegou ao fim do livro. Entretanto, juntamente com esse término, surge a necessidade de retornar às páginas iniciais na tentativa de se reviver a delícia dos apaixonantes poemas.
Ludmila Rodrigues é – como todos os nossos grandes poetas já foram – uma escritora em fase inicial, mas com muito talento e simplicidade em seus escritos. Por essa razão, é importante que se valorize os jovens escritores do século XXI, visto que eles podem vir a ser os futuros Machados ou Clarices do amanhã.
Chove dentro de mim
quando você partiu
fez-se noite: escuridão
silêncio oco em mim
choveu dias a fio
e me alagou toda
por dentro
a solidão canta pra mim
eu poderia te dizer tanta coisa
mas o silêncio me cortou a alma
flor já seca na gaveta
a vida é viva - e grita
(Ludmila Rodrigues)
Há ventania
ainda tem a sua chave
no meu chaveiro gasto
ainda tem seu gosto
na minha estante densa
ainda tem seu tédio
no meu instante parco
há ventania
em minhas cortinas leves
há tanto, ainda
de você em mim
(Ludmila Rodrigues)
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