Tropicália e Cinema Novo: produções e novas criações (identitárias)
Por Cely Pereira e Gabriel Santiago “Desculpe-me, camarada, atrapalhá-lo em sua luta de classes tão importante, mas para qual lado fica o cinema político?”, questiona a atriz alemã Anne Wiazemsky, em francês, a um lusófono Glauber Rocha parado em pose dramática à beira de uma estrada europeia campestre. Como resposta, o cineasta, em português, sem rodeios e intensificando o caos à la Babel, indica, literalmente aos gestos, o caminho para um cinema situado do outro lado do atlântico; cinema esse “perigoso” e, claro, “divino, maravilhoso”. Mudança brusca: o som do ambiente é substituído, em rasgo auditivo, por uma Gal Costa em plenos pulmões, interpretando, sob força do refrão, a canção “Divino Maravilhoso”, composta por Caetano Veloso. Corte. Vento do Leste, filme de 1970, dirigido por Jean-Luc Godard e por diversos colaboradores, a partir da participação de Glauber na cena transcrita, propõe um estudo das possibilidades de articulação do viés estético cinematográfico “terceiromun