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Mostrando postagens de julho, 2016

A toponímia na América Latina: como nomear um país?

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Por Letícia Rodrigues O estudo dos nomes próprios é considerado um dos elementos fundamentais para se conhecer um pouco mais sobre um povo, como os seus registros, sua cultura, sua organização em sociedade, suas crenças etc. O ato de nomear corresponde a uma prática antiquíssima, até porque seria extremamente laborioso conceber uma sociedade que não atribua vocábulos designativos a pessoas, animais, lugares e até mesmo a alguns objetos. A ciência linguística que se dedica ao estudo dos nomes próprios é a onomástica que, por sua vez, subdivide-se em diversas subáreas de estudo. Podemos determinar duas subáreas principais: a antroponímia e a toponímia. A antroponímia dedica-se ao estudo dos nomes próprios de pessoas, seja ele do nome completo (prenome e sobrenome), seja ele de suas partes. Já a toponímia refere-se ao estudo dos nomes de lugares, ambas considerando origem, forma e evolução. Especificamente neste texto, vamos deter-nos aos topônimos da América Latina, tentando remontar, a

Narrativas e memórias: representações e fragmentos do contemporâneo na América Latina

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Por Priscila Machado É indubitável a importância do boom latino americano − alguns críticos preferem chamá-lo de “Novo Romance Latino-Americano” (NRL) − como movimento que estabeleceu referência estética, cultural e política entre as décadas de 1960 e 1970. Dani Velásquez ressalta essa importância no seu artigo Para uma breve caracterização do Novo Romance Latino-Americano , no qual diz que O escritor do NRL integra a fala popular no cenário romanesco, não como um narrador alheio à comunidade linguística que está retratando, mas de dentro sem cair na simples imitação, encontrando as possibilidades estéticas que estas formas idiomáticas podem oferecer [...] (VELÁSQUEZ, 2016, p. 19). Esse episódio foi recorrente nas alegorias criadas por Garcia Márquez e Juan Rulfo nas narrativas que se passavam em Macondo e Comala (cidades literárias dos respectivos autores). Sobre tal questão, considero muito pertinente o comentário do professor e escritor mexicano Marco Aurélio que, em certa ocasião,

Uma literatura afro-diaspórica na América Latina

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Por Gleisson Alves Com o processo de colonização que ocorreu em diversas partes da América Latina, muitos povos foram trazidos do continente africano. Tendo suas identidades violentamente rasuradas, precisaram encontrar formas para reexistirem (SOUZA, 2011) e se reconstruírem em territórios desconhecido; muito foi silenciado. Hoje, quando se tenta falar dessa sobrevivência, exalta-se dentro de uma ideia de latinidade apenas uma concepção de miscigenação, um lugar de festa, de comemoração; uma unidade que tenta ser capaz de abordar toda a complexidade existente. Porém, dessa maneira, a complexidade dos povos vindos de África termina sendo anulada e não lhes dá uma identidade que consiga representá-los. Portanto, não se pode, mais uma vez, olhar um continente sem perceber sua heterogeneidade e querer escrever dele uma história narrada por um viés único. Nas palavras de Coutinho (2010), lembramos que [...] o próprio conceito de ‘América Latina’, que, pela sua pluralidade, requer constante