Escritas negro-femininas: Lívia Natália
Por Cely Pereira [...] A noite não adormecerá jamais nos olhos das fêmeas pois do nosso sangue-mulher de nosso líquido lembradiço em cada gota que jorra um fio invisível e tônico pacientemente cose a rede. (EVARISTO, Conceição. Cadernos Negros, v. 19) Abro esse escrito com um questionamento dado por Audre Lorde em seu texto “A transformação do silêncio em linguagem e ação”: “Que palavras ainda lhes faltam? O que necessitam dizer? Que tiranias vocês engolem cada dia e tentam torná-las suas, até asfixiar-se e morrer por elas, sempre em silêncio?”. Ser escritora negra no Brasil é um desafio. Tanto por ser mulher, tanto por ser negra. Esses recortes que são historicamente silenciados e negligenciados, hoje, são de extrema potência para as produções e funcionamentos das engrenagens da sociedade. Não só hoje, como sempre! As mulheres negras foram e são protagonistas de suas histórias desde sempre! Verbalizar as angústias, os medos, os receios e os desejos é um ato polític