O gerativismo e suas facetas
Como fazemos? A única resposta parece ser que cada um de nós tem um grande sistema computacional interno que nos leva a esses resultados específicos. (CHOMSKY, 2012, tradução nossa)
Um dos mais importantes ativistas políticos do contemporâneo, anarcossindicalista e social libertário, Avram Noam Chomsky, é, também, criador das Teorias da Gramática Gerativa Transformacional, que compartilha interesses com teorias da psicologia e da matemática, umas das correntes teóricas fundamentais da linguística e ainda muito reconhecida e estudada em tempos atuais. Chomsky nasceu na Filadélfia, em 7 de dezembro de 1928, (87 anos) e é atualmente professor emérito no Massachussets Institute of Technology (MIT).
A princípio, Chomsky inicia seus estudos criticando os fundamentos epistemológicos da Teoria behaviorista de Bloomfield, e já no seu primeiro livro Estruturas Sintáticas, escrito em 1957, Chomsky discute dois conceitos importantes para teoria gerativa: gramaticalidade e criatividade, "todo falante nativo possui uma certa intuição da estrutura da sua língua que lhe permite, por uma parte, distinguir as frases gramaticais das frases agramaticais, e por outra, compreender e transmitir uma infinidade de frases inéditas." (CHOMSKY apud MORAES, 2012, tradução nossa) Como por exemplo, A - Alberto come a laranja, B - *Alberto comer laranja a. Desse modo, o falante é capaz de produzir novas frases, pois ele conhece, mesmo que inconscientemente, os elementos, propriedades e estrutura da língua. Chomsky denomina este conhecimento de competência linguística e a considera uma propriedade inata do ser humano, que permite a aquisição de um idioma como português, francês, turco, etc.
Para Saussure, Blooomfield e discípulos de ambos, a língua deve ser estudada através de suas estruturas e das relações entre elas dentro do sistema linguístico, sendo assim, o modelo de estudo dos estruturalistas é descritivo, ressaltando a língua e ignorando aquele que a produz:
Para [Chomsky], o Estruturalismo falhou porque estudava palavras isoladas e não a frase em si e as demais que poderiam surgir a partir de uma primeira denominada matriz. [...] Por isso ele abandona o estudo puramente estrutural e funda as bases de um estudo que dá conta de explicar o que é necessário para que um falante produza todas as frases de sua língua, mesmo não tendo tido qualquer instrução para isso ou que tenha ouvido as frases antes. (SILVA, 2009)
O que seria então o gerativismo? Em termos básicos a teoria propõe-se a estudar "o componente sintático das diversas línguas humanas e, ao fazê-lo, tem o objetivo de caracterizar o que é particular nos inúmeros fenômenos sintáticos que dão vida à infinitude discreta" (KENEDY, 2015), possibilitando a existência de uma gramática universal (GU), que se baseia em um modelo estrutural e sintagmático. Em outras palavras, a GU é formada por princípios e parâmetros, sendo o primeiro o substrato inato presente em todas as línguas e o segundo as possíveis variações desses substratos nos diferentes idiomas, como, por exemplo, a presença inerente do sujeito em todas as línguas e a variação da sua posição na sentença de acordo com a sintaxe de cada idioma.
O gerativismo passou (e passa) por reformulações, como por exemplo o minimalismo, no qual a teoria gerativista é reduzida sem alterar suas propriedades substanciais.
Como já ressaltamos, a teoria gerativa flerta com a interdisciplinaridade, característica latente da pós-modernidade. No entanto, simultaneamente, esta teoria pode ser retomada por um viés filosófico racional, posto que, assim como o racionalismo do século XVII, o ser humano é visto como um indivíduo que possui essencialmente a capacidade de desenvolver a inteligência/linguagem. E aí, então, Penso, logo existo?
Por Isadora Matos e Priscila Machado
Referências
KENEDY, Eduardo; OTHERO, Gabriel de Ávila. Sintaxe, sintaxes: uma introdução. São Paulo: ed. contexto, 2015.
MORAES, André. Chomsky y la gramática generativa. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAetokAB/chomsky-y-la-gramatica-generativa#. Acessado em 30 de setembro de 2015.
SILVA, Silvio Ribeiro da. Da abordagem estrutural ao gerativismo chomskyano. Soletras, Ano IX, Nº 18. São Gonçalo: UERJ, 2009.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8J976BLCh0c. Acessado em 30 de setembro de 2015.
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