A peleja internética entre dois cabras da peste




A peleja internética entre dois cabras da peste!  trata-se de um cordel lançado pela editora Tapera, feito em junho de 2005 por Antônio Carlos de Oliveira Barreto e Jota Cê Freitas.

O cordel apresenta um caráter inovador desde o seu título até o próprio conteúdo da peleja, tendo em vista tratar-se de um desafio ocorrido virtualmente onde seus autores utilizaram a literatura e a metalinguagem para compor seus versos. Apesar de ser extremamente problemático estabelecer critérios de valoração entre este e os cordéis mais antigos, é preciso ressaltar que esta produção, ao acompanhar as novas práticas sociais, prova que a cultura popular não pode ser vista como algo remoto, arcaico ou anacrônico, até porque as modificações não podem ser consideradas prejudiciais ou ameaçadoras da sua continuidade.

O próprio fazer poético é tematizado pelos cordelistas, o que constitui uma metalinguagem nesse cordel.

Alguns fatos atuais também são apresentados na temática deste cordel. Dessa forma, nota-se a capacidade da literatura popular em tratar de temas, muitas vezes, considerados alheios a essa produção.

"O Caim matou Diniz                 "Pedro Cabral pariu
 para soltar Ravengar.                 um filho teimoso
 ACM foi pra lua                         desleixado e displicente
 comer bom caviar"
                    e pra lá de preguiçoso"

É importante pensar como os sujeitos que possuem uma formação acadêmica, já que ambos são professores, e vivem num mundo globalizado fazem suas produções contendo aspectos comuns aos cordéis tradicionais, mas que não deixam de reconhecer as novas possibilidades de divulgação, circulação, bem como as temáticas que são proporcionadas a partir das inovações tecnológicas.

O cordel, assim como outras produções da cultura popular, tem recebido algumas modificações, mas esse fato não deve ser considerado como prenúncio do seu fim, pelo contrário isso só prova a capacidade do gênero em se manter vivo e presente até os dias atuais.

***

Texto por Kathiúscia Santos

Comentários

  1. Muito interessante esse texto principalmente no aspecto em que aborda essa modificação dos gêneros. Parabéns!

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  2. Olá pessoal do PET LETRAS !

    O texto está muito bem feito, todavia contém erros de digitação na reprodução das duas Quadras ora transcritas, que foram reduzidas de duas SEPTILHAS. Ou seja, a digitação correta, evitando que os versos fiquem de "pés quebrados", estão desta forma no referido folheto:

    “O Caim matou Diniz
    Para soltar Ravengar.
    ACM foi pra lua
    Comer um bom caviar.
    São Jorge tomou um porre;
    Jesus disse: “ Me socorre,
    Tão querendo me roubar !”

    “O Pedro Cabral pariu
    Um filho muito teimoso,
    Desleixado, displicente
    E pra lá de preguiçoso,
    Meio sem educação,
    Chegado à corrupção,
    Além de ser mafioso !”

    Carinhosamente,
    Antonio Barreto - autor dos referidos versos.

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